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Portugueses preocupam-se com saúde digestiva mas poucos procuram especialista


Lançado na véspera do início do "Mês da Saúde Digestiva [junho], o inquérito identificou também o 'stress' como uma das preocupações gerais dos portugueses.

A maioria dos inquiridos num estudo revela ter cuidado com a sua saúde digestiva, mas apenas 29% consultaram um especialista e, destes, 49% fizeram-no há mais de três anos.

O inquérito nacional, promovido pela Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia (SPG), foi realizado pela agência de estudos de mercado Multidados, entre os dias 27 de março e 13 abril de 2021, com base numa amostra de 1.500 pessoas, com idades entre os 18 e os 75 anos, representativa da população ativa em Portugal.

"A maioria dos inquiridos revela um cuidado geral com a saúde digestiva (99% dos inquiridos) e as implicações da mesma na saúde global", conclui o estudo, que pretendeu avaliar o conhecimento dos portugueses sobre este assunto.

Contudo, apenas 29% visitaram um especialista e, destes, 49% fizeram-no há mais de três anos, o que a SGP considera "um dado alarmante, tendo em conta que as doenças do aparelho digestivo são uma causa de morte das mais relevantes em Portugal".

Noventa e quatro por cento dos inquiridos apontou o impacto negativo do 'stress' na saúde digestiva, apontando como causas, principalmente, a ansiedade, o trabalho e questões financeiras.

Relativamente ao impacto que a pandemia de covid-19 causou, 57% apontaram o aumento dos níveis de 'stress' e 69% afirmaram que este período foi responsável pelo atraso na realização de exames de diagnóstico.

"Estes exames são fundamentais para a monitorização da saúde digestiva, como endoscopias e colonoscopias. É, por isso, urgente retomar a atividade, continuar a promover a sensibilização à população sobre a prevenção e não permitir que a situação atrase o diagnóstico destas doenças, particularmente aquelas do domínio oncológico", salienta a SPG.

Em declarações à agência Lusa, o presidente da SPG, Rui Tato Marinho, afirmou que um em cada três portugueses sofre de doença digestiva e que a preocupação da população com estas doenças ficou mostrada na análise.

"As pessoas têm noção que têm aparelho digestivo, que é um aparelho extremamente complexo, com seis órgãos e que está muito presente no dia a dia dos portugueses", disse o gastrenterologista.

 Os resultados mostram também "uma preocupação muito grande com as doenças graves do aparelho digestivo, nomeadamente os cancros, e as não graves, como prisão de ventre, diarreia", sublinhou.

O especialista alertou que um terço dos cancros dos portugueses relaciona-se com o aparelho digestivo, o que leva "a uma preocupação e a uma adesão cada vez maior" ao rastreio do cólon, que deve ser realizado a partir dos 45, 50 anos.

Mas, devido à pandemia, em abril de 2020, houve uma quebra de 90% na realização dos exames não urgentes, um atraso que foi "brutal" e que se tem tentado recuperar.

"Vai haver dificuldade, mas temos que trabalhar em equipa", disse Tato Marinho, lembrando que também houve doentes que tiveram, e ainda têm, medo de ir ao hospital com receio de se infetarem com o novo coronavírus.

 "Mas, à medida que vamos estando vacinados e que os serviços de vão reorganizando, e equipando até com aparelhos novos, vamos tentar recuperar esta lista de espera", salientou.

Tato Marinho destacou a importância do Mês da Saúde Digestiva, iniciativa da SPG, considerando que "é uma oportunidade única" para passar mensagens positivas, como fazer uma alimentação saudável e praticar exercício físico, e apelar à população para irem ao médico, fazer rastreios e análises ao fígado, uma vez que 2,5 milhões têm fígado gordo, que pode originar cirrose ou cancro do fígado.

"Nós conseguimos curar, conseguimos diagnosticar, e é uma oportunidade para fazermos um bem à sociedade, dar mais qualidade de vida, mais saúde, e mais anos de vida", frisou.

Apesar da mensagem "muito emotiva, mas rotineira, das mortes por covid-19 ser extremamente importante", agora é como "o pós-guerra", prosseguiu, tem de se dar também atenção a outras doenças que "matam mais que a covid-19".




 

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